Símbolo da contabilidade: afinal, o que significa?

Você sabia que o símbolo da contabilidade é um dos mais conhecidos e utilizados no mundo empresarial?

Ele representa a profissão contábil e é impresso em diversos documentos, como balanços patrimoniais e demonstrações contábeis.

Se você é um contador ou está pensando em seguir essa carreira, é interessante entender o que é esse símbolo para a profissão.

Por isso, nesse artigo, você conhecerá a história da simbologia, o significado de cada elemento e algumas curiosidades.

Conhecendo o caduceu — símbolo da contabilidade

Ao longo dos anos, a contabilidade se estabeleceu como uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento econômico de uma sociedade. E foi necessário achar um símbolo que pudesse representar a relevância e a complexidade da profissão contábil.

Para isso, diversos países passaram a adotar o caduceu de Hermes (na mitologia grega) ou de Mercúrio (na mitologia romana).

Ele nada mais é do que um bastão entrelaçado por duas serpentes, tendo em sua parte superior um elmo e duas asas.

Costuma estar gravado no anel do contabilista, que também é composto por uma pedra turmalina rosa clara no topo. Além disso, em uma das laterais, há um desenho das tábuas da lei, com a legenda “Lex” (lei, em latim).

Como surgiu o caduceu de Hermes (ou Mercúrio)?

Aqui precisaremos nos aventurar nas mitologias antigas, em especial, a greco-romana. Prepare-se!

Para início de conversa, o deus Hermes e o deus Mercúrio são na verdade o mesmo deus. Temos de lembrar que Roma adota o panteão grego como seu, basicamente mudando os nomes dos personagens. Vamos conhecer um pouco mais sobre eles.

Quem é Hermes?

Hermes é conhecido como o mensageiro dos deuses. Ele é filho de Zeus, o rei dos deuses, e de Maia, uma das Plêiades (como eram chamadas as sete filhas do titã Atlas e da ninfa Pleione).

Hermes é frequentemente retratado com sandálias aladas, um capacete com asas e um caduceu.

Quais são suas características?

Além de ser o mensageiro dos deuses, Hermes é também o deus do comércio, dos viajantes, dos ladrões, dos oradores e dos escritores.

Ele tem a habilidade de se mover livremente (e rapidamente, na velocidade do pensamento) entre o mundo dos mortais e o divino.

Ele é conhecido por sua astúcia, rapidez e habilidade de enganar outros deuses para seu benefício ou entretenimento. Mas, apesar das travessuras, ele é retratado de forma favorável, como um deus benevolente e protetor.

E o deus Mercúrio?

Os romanos passaram a chamá-lo de Mercúrio, que também quer dizer mercadoria, negócio.

E uma curiosidade: o planeta Mercúrio recebeu esse nome por ser o mais veloz do nosso sistema solar.

Trolando Apolo

Foi a partir de um dos seus atos de travessura que Hermes recebeu do seu irmão Apolo o caduceu.

Segundo conta a lenda, no dia do seu nascimento, Hermes saiu do berço e criou uma lira usando o casco de uma tartaruga. E nesse mesmo dia ele roubou o rebanho de Apolo.

A fúria (e a calma) de Apolo

Quando Apolo descobriu ficou furioso e foi confrontar Hermes. No entanto, com sua astúcia e seu carisma, Hermes conseguiu acalmar seu irmão, tocando uma bela música na lira que tinha criado.

Encantado com a música e a inteligência do recém-nascido deus, Apolo decidiu fazer as pazes com Hermes.

Recebendo o caduceu

Como parte dessa reconciliação, Hermes deu a Apolo a lira que havia inventado.

Em troca, Apolo deu a Hermes um bastão, o tão famoso caduceu.

E as duas serpentes?

Bom, aí também existem algumas teorias sobre como foram parar duas serpentes entrelaçadas no bastão.

Uma dessas versões da lenda narra que Hermes estava a caminho para cumprir uma das suas primeiras missões como mensageiro dos deuses. De repente, se deparou com duas serpentes lutando.

Para separá-las e restaurar a paz, ele jogou seu bastão entre elas. As serpentes então se enrolaram no bastão e cessaram a luta, ficando em perfeita harmonia.

Esse ato simbolizou a capacidade de Hermes para trazer ordem e equilíbrio, sendo um bom mediador de conflitos e capaz de promover a reconciliação, que são atributos associados a esse deus.

Rei Gudea de Lagash

Esse símbolo do caduceu está presente também em uma taça usada pelo rei Gudea de Lagash. Ele governou a cidade-estado de Lagash, no sul da Mesopotâmia, por volta de 2144 a.C.

Essa taça, feita de pedra sabão, está exposta no Museu do Louvre e nela tem um bastão envolvido por duas serpentes. Sua provável datação é do século 22 a.C.

Elementos do caduceu e seus significados

Bom, agora o que isso tudo tem a ver com a contabilidade?

Vamos olhar elemento por elemento e trazer algumas possíveis associações com a profissão.

O bastão

O bastão é o elemento central do caduceu.

Ele representa a autoridade, o poder e a capacidade de conduzir ou guiar. Na antiguidade, era comum que líderes ou mensageiros carregassem bastões como símbolo de seu status ou de sua função.

Como símbolo contábil, podemos interpretar o seguinte:

• Autoridade e confiança: os contadores são confiados com informações financeiras sensíveis e têm a autoridade para analisar, interpretar e relatar tais dados.
• Direção e orientação: os contadores guiam empresas e indivíduos através do complexo mundo das finanças, ajudando-os a navegar pelas regulamentações fiscais, pela contabilidade e pelas decisões financeiras, agindo com boa conduta.
• Equilíbrio e justiça: embora o equilíbrio seja mais explicitamente simbolizado pelas duas serpentes entrelaçadas, que falaremos a seguir, o bastão em si, como eixo central, sustenta esse equilíbrio. Além disso, a justiça e a imparcialidade são importantes na contabilidade, refletindo a busca por uma representação fiel e equilibrada da situação financeira de uma entidade.

Duas serpentes entrelaçadas

No caduceu de Mercúrio (ou Hermes), o bastão está com duas serpentes entrelaçadas, significando frequentemente sabedoria, inteligência, diligência e atenção aos detalhes. Seu entrelaçamento representa a complexidade da junção de elementos aparentemente opostos.

Quando relacionadas ao símbolo da contabilidade, encontramos algumas explicações:

• Dualidade e equilíbrio: como já mencionado antes, as serpentes representam dualidade, simbolizando o equilíbrio entre opostos complementares. Isso pode ser interpretado como a harmonia entre ativos e passivos, receitas e despesas, ou qualquer outro par de elementos financeiros que precisam ser equacionados para garantir a precisão dos registros contábeis.
• Renovação e ciclos: as serpentes são frequentemente vistas como símbolos de renovação e transformação, por sua capacidade de trocar de pele. Isso pode ser associado à renovação constante de informações financeiras e ao ciclo contábil que renova a cada período fiscal.
• Sabedoria e conhecimento: na prática contábil, a sabedoria e o conhecimento são fundamentais para interpretar dados financeiros corretamente, para cumprir com as leis fiscais e regulatórias, e para fornecer conselhos financeiros sólidos.
• Mediação e resolução de conflitos: assim como o caduceu como um todo simboliza a mediação e a paz (como no mito de Hermes mediando duas serpentes briguentas), na contabilidade, pode representar a resolução de conflitos financeiros ou a mediação entre diferentes interesses dentro de uma empresa, como os investidores, a gestão e os credores.

As duas asas

As duas asas no topo do caduceu simbolizam rapidez e agilidade. Também representam a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças e de ser ágil em sua tomada de decisões.

Para a contabilidade, tem alguns possíveis significados:

• Velocidade e eficiência: isso pode representar a necessidade de resposta rápida às mudanças de mercado, às necessidades dos stakeholders e às alterações regulamentares, assim como a importância de processar informações financeiras de maneira eficiente e oportuna.
• Liberdade e elevação: isso pode ser interpretado como a habilidade de superar desafios financeiros e regulatórios, proporcionando às empresas a liberdade para crescer e se desenvolver.
• Visão e perspectiva: Assim como as asas permitem que um pássaro veja de uma perspectiva mais alta, elas podem simbolizar a visão de longo alcance e a perspectiva ampla que os contadores devem ter ao analisar informações financeiras.
• Proteção e supervisão: De maneira similar à representação de um anjo ou de uma figura protetora, as asas no caduceu podem simbolizar a proteção e a supervisão que a contabilidade oferece a uma empresa.

O elmo

Embora não seja um elemento padrão no caduceu, o elmo é uma peça de armadura que oferece proteção. Também carrega o valor do status e da autoridade.

Vamos ver o que pode representar no símbolo do contabilista:

• Proteção e segurança: contadores atuam como guardiães da integridade financeira, protegendo as empresas contra informações financeiras incorretas e práticas desonestas.
• Sabedoria e autoridade: assim como um guerreiro confia em seu elmo para segurança e confiança na batalha, as empresas confiam em seus contadores para orientação financeira e conformidade regulatória.

Diferença para o símbolo da medicina

O símbolo da medicina não é o caduceu, mas o bastão de Asclépio, o deus grego da medicina. Ele é composto por um bastão e uma serpente enrolada nele.

No início do século 20, o corpo médico do exército e o da marinha dos Estados Unidos passaram a usar o caduceu como símbolo. O mesmo não aconteceu com a força aérea daquele país, que manteve o bastão de Asclépio.

De lá pra cá, muitas pessoas e organizações acabaram confundindo as coisas e utilizaram o caduceu para representar a medicina. Mas não passa de uma confusão, tendo a própria Organização Mundial da Saúde, fundada em 1948, adotado o símbolo de Asclépio.

Conclusão

Esperamos que tenha gostado desse passeio pela história para entender o símbolo da contabilidade. Pudemos ver que a origem do caduceu é a mitologia greco-romana, carregando consigo diversos significados. E o contabilista é associado a tais representações.

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